Domingo, 27 de Julho de 2025

Contas Externas do Brasil: Déficit de US$ 5,1 Bilhões em Junho Acende Alerta

Banco Central aponta aumento do déficit em transações correntes, impulsionado por renda primária e serviços.

25/07/2025 às 20:28
Por: Redação

As contas externas do Brasil registraram um saldo negativo de US$ 5,131 bilhões em junho, segundo informações divulgadas pelo Banco Central (BC) nesta sexta-feira (25). Este valor representa um aumento em relação ao déficit de US$ 3,368 bilhões observado no mesmo mês de 2024 nas transações correntes, que englobam a compra e venda de mercadorias, serviços e transferências de renda com outros países.

A piora no comparativo interanual é resultado da diminuição de US$ 375 milhões no superávit comercial, juntamente com o aumento dos déficits em renda primária (pagamento de juros, lucros e dividendos de empresas) e serviços, que cresceram US$ 1,3 bilhão e US$ 159 milhões, respectivamente. Em contrapartida, o superávit da renda secundária apresentou um aumento de US$ 33 milhões.

Em um período de 12 meses encerrado em junho, o déficit em transações correntes atingiu US$ 73,135 bilhões, o equivalente a 3,42% do Produto Interno Bruto (PIB). Ao comparar com o período equivalente finalizado em junho de 2024, houve um aumento considerável no déficit, com um resultado negativo de US$ 28,893 bilhões (1,28% do PIB) em 12 meses.

De acordo com o Banco Central, as transações correntes apresentam um cenário robusto, com uma tendência de redução nos déficits em 12 meses que se inverteu a partir de março de 2024. No entanto, o déficit externo é financiado por capitais de longo prazo, principalmente por meio de investimentos diretos no país, que possuem fluxos e estoques de boa qualidade.

Balança comercial e serviços

As exportações de bens totalizaram US$ 29,285 bilhões em junho, representando um aumento de 0,9% em relação ao mesmo mês de 2024. As importações, por sua vez, atingiram US$ 23,998 bilhões, com um aumento de 2,8% em comparação com junho do ano anterior. Com esses resultados, a balança comercial fechou com um superávit de US$ 5,287 bilhões no mês passado, em comparação com o saldo positivo de US$ 5,661 bilhões em junho de 2024.

O déficit na conta de serviços – que engloba viagens internacionais, transporte, aluguel de equipamentos e seguros, entre outros – atingiu US$ 4,518 bilhões no mês passado, em comparação com US$ 4,358 bilhões no mesmo período de 2024.

As despesas líquidas com serviços de telecomunicação, computação e informações aumentaram 24,6%, totalizando US$ 623 milhões; em 22,8% em propriedade intelectual (US$ 968 milhões), ligados a serviços de streaming; 7,8% em aluguel de equipamentos (US$ 1 bilhão), associados aos investimentos das empresas; e 8% em transportes (US$ 1,2 bilhão), resultado dos aumentos na corrente de comércio e no preço dos fretes internacionais.

No caso das viagens internacionais, em junho, o déficit na conta fechou com alta de 17%, chegando a US$ 1,3 bilhão, resultado de US$ 539 milhões nas receitas – que são os gastos de estrangeiros em viagem ao Brasil – e de US$ 1,832 bilhão nas despesas de brasileiros no exterior.

Rendas

Em junho de 2025, o déficit em renda primária – lucros e dividendos, pagamentos de juros e salários – atingiu US$ 6,202 bilhões, 25,5% acima do registrado em junho do ano passado, de US$ 4,940 bilhões. Normalmente, essa conta é deficitária, já que há mais investimentos de estrangeiros no Brasil – e eles remetem os lucros para fora do país – do que de brasileiros no exterior.

A conta de renda secundária – gerada em uma economia e distribuída para outra, como doações e remessas de dólares, sem contrapartida de serviços ou bens – teve resultado positivo de US$ 302 milhões no mês passado, contra superávit US$ 269 milhões em junho de 2024.

Financiamento

Os investimentos diretos no país (IDP) somaram US$ 2,810 bilhões em junho deste ano, ante US$ 6,269 bilhões em igual mês de 2024. Quando o país registra saldo negativo em transações correntes, precisa cobrir o déficit com investimentos ou empréstimos no exterior. A melhor forma de financiamento do saldo negativo é o IDP, porque os recursos são aplicados no setor produtivo e costumam ser investimentos de longo prazo.

O IDP acumulado em 12 meses totalizou US$ 67,017 bilhões (3,14% do PIB) em junho, ante US$ 70,476 bilhões (3,31% do PIB) no mês anterior e US$ 64,917 bilhões (2,87% do PIB) no período encerrado em junho de 2024.

No caso dos investimentos em carteira no mercado doméstico, houve entrada líquida de US$ 2,326 bilhões em junho, composta por entradas líquidas de US$ 4,560 bilhões em títulos da dívida e saídas líquidas de US$ 2,234 bilhões em ações e fundos de investimento. Nos 12 meses encerrados em junho, os investimentos em carteira no mercado doméstico somaram ingressos líquidas de US$ 4,1 bilhões.

O estoque de reservas internacionais atingiu US$ 344,440 bilhões em junho, aumento de US$ 2,981 bilhões em comparação ao mês anterior.

Revisão

Neste mês, o Branco Central apresentou a revisão ordinária do balanço de pagamentos e da posição de investimento internacional, com a incorporação dos resultados da pesquisa de Capitais Brasileiros no Exterior (CBE).

A revisão do balanço de pagamentos de 2024 resultou na redução do déficit em transações correntes em US$ 3,3 bilhões, de US$ 61,2 bilhões (2,81% do PIB) para US$57,9 bilhões (2,66% do PIB) no ano.

Notícias Mais Vistas